Cimentação adesiva de restaurações cerâmicas metal-free

Olá, tudo bem! Mais uma semana se inicia. E mais uma dica clínica eu compartilho com vocês.

Essa semana vamos falar sobre cimentação adesiva de restaurações cerâmicas metal-free.
Todas as modalidades restauradoras cerâmicas são concebidas a partir de preparos dentários que apresentam pouca ou nenhuma formas de retenção e resistência ao deslocamento. Desse modo, são consideradas absolutamente adesivo-dependentes, isto é, necessitam da capacidade adesiva da cimentação resinosa para não se deslocarem, resultando em insucesso. E, convenhamos, não existe nada mais desagradável para nós dentistas que o paciente chegar ao consultório com a restauração nas mãos! Por isso, todo o rigor e atenção devem ser dispensados no processo de cimentação adesiva!

O processo de cimentação resinosa adesiva compõe duas frentes: o tratamento que estabelecemos no substrato dentário preparado e o tratamento da superfície interna da restauração cerâmica que será instalada.
O tratamento do substrato dentário é dependente do tipo de cimento que será empregado. Portanto, a dica é: ler atentamente as instruções do fabricante do cimento escolhido e segui-las rigorosamente. Não tem como errar! O que eu poderia complementar é que para pinos de fibra de vidro ou núcleos indiretos que serão cimentados com cimento resinoso adesivo, devemos empregar cimentos autopolimerizáveis ou autocondicionantes, como, por exemplo, o Multilink N da Ivoclar, ou o U100 ou U200 da 3M ESPE. Com isso, teremos uma cimentação mais efetiva e segura do que utilizarmos cimentos de polimerização dupla (dual). Para facetas laminadas cerâmicas e lentes de contato, a indicação recai sobre os cimentos resinosos fotopolimerizáveis, como os conjuntos Variolink Veneer da Ivoclar e Rely X Veneer da 3M ESPE, que apresentam ótima fluidez e excelente tempo de trabalho clínico. Esses conjuntos de cimentos são ideais para cimentação das facetas laminadas e lentes de contato, pois apresentam um sistema Try-in, que são pastas que simulam a cor do cimento na fase de prova estética das facetas. São excelentes para escolher a cor do cimento, antes de definir qual será a utilizada, especialmente em casos onde as facetas ou lentes de contato usadas forem do tipo Feldspática ou E.max de espessura reduzida. O bom dessa pasta é que é um produto solúvel em água (polietileno glicol) e não adere na faceta. Para cimentação de coroas totais e inlays/onlays cerâmicas, podemos utilizar tanto cimentos tipo dual quanto os autopolimerizáveis ou autocondicionantes. Em resumo, o cimento que será empregado é dependente do tipo da restauração cerâmica que esta sendo confeccionada, e o manuseio do cimento deverá ser realizado em concordância com as recomendações do fabricante.
Quanto ao tratamento da superfície interna das restaurações cerâmicas, essa etapa consiste em duas fases: condicionamento da cerâmica com ácido fluorídrico a 10% e aplicação do silano. O tempo de condicionamento ácido é dependente do tipo de material cerâmico. Se estivermos trabalhando com cerâmica feldspática convencional, principalmente em facetas laminadas, o tempo de condicionamento é maior, de 2 a 3 minutos. Se o material for o dissilicato de lítio (e.max), o tempo deve ser reduzido para 15 a 20 segundos. A justificativa reside na quantidade de sílica que cada material cerâmico possui. O condicionamento ácido na cerâmica ataca fundamentalmente a sílica presente na sua composição, removendo-a e criando microrretenções onde o cimento resinoso irá fazer um embricamento micro mecânico. A cerâmica feldspática convencional apresenta alto conteúdo de sílica e, portanto, necessita de um condicionamento ácido maior, ao passo que, o dissilicato de lítio apresenta baixo conteúdo de sílica, recebendo desse modo um condicionamento por um tempo bem menor. Em seguida, após o condicionamento ácido devemos aplicar o silano para otimizar a adesão micro mecânica, garantindo um melhor escoamento do cimento resinoso e uma possível união química. O silano deve ser aplicado por dois minutos após a aplicação do ácido fluorídrico, independente do cimento que será empregado e do tipo de restauração cerâmica que será cimentada.
O processo de cimentação adesiva resinosa é complexo e técnico-sensível. Espero que eu tenha conseguido resumir essa etapa clínica tão importante. Mais detalhes vocês podem encontrar em meu livro ou outras publicações. Ou, então, se quiserem se aprofundar mais venham ao CEO "Centro de Estudos em Odontologia" e façam nosso curso de PPFixa com ênfase em restaurações estéticas cerâmicas.  Será um prazer recebê-los! Boa semana a todos.

 

 

 

Direitos autorais Prof. Dr. Alberto Alvarenga.

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